segunda-feira, 16 de novembro de 2009

This Is It

Finalmente uma das 200 cópias brasileiras de This Is It estréia em Ponta Grossa. Fui conferir.



O documentário mostra os bastidores do que seria uma nova turnê de Michael Jackson e é tudo isso o que falam, sim. Como fica claro na mensagem de início, é um filme destinado aos fãs do Michael, mostrando o quanto o cantor estava se esforçando para preparar o maior show da história da sua carreira. Nas palavras do diretor Kenny Ortega: “um espetáculo que ninguém jamais viu”. Eu reforçaria: no sentido figurado e literal.
O caráter do documentário é meramente informativo e contemplativo, não crítico. Não se trata de se aprofundar na morte do cantor, mas sim mostrar um pouco do espetáculo que estava sendo produzido. Tudo é muito grandioso na rigorosa montagem do show “This Is It”. Um cenário digno de Cirque du Soleil, músicos e dançarinos talentosíssimos, um exército de cantores afinadíssimos, figurinos arrojados e produções cinematográficas para os telões do show realizadas com qualidade superior a de muitos video-clipes do próprio Michael Jackson, rei dos video-clipes. Tudo do bom e do melhor para o rei do pop, aqui soando mais rock(!) do que nunca. Resultado dos arranjos cheios de peso e feeling dos já citados talentosos músicos que acompanhariam Michael na nova turnê.


O filme, feito tão às pressas, é um caça-niquel explorando a morte repentina do cantor? Sim, não deixa de ser, é a premissa inicial. Mas, também vai muito além disso. É um documentário com ares de making-off que faz o fã de Michael mergulhar dentro do turno de trabalho do astro em seus últimos dias de vida. O espectador é colocado na primeira fila, como um voyeur da última grande obra-prima inacabada de Jackson.
Trata-se também dos bastidores da morte de um ídolo. Ela está vomitada na tela, mesmo essa não sendo a intenção dos autores. No início, fica explícito no rosto de Michael uma figura mais cadavérica que nunca, notoriamente abatida, que no decorrer das quase duas horas de filme tira energia de um lugar no fundo da sua alma para manter o pique necessário, digno do auge da sua carreira.
Diante desses fatos, fica o desejo de que ainda surja um documentário abordando de forma mais crítica esses últimos dias de Michael, não apenas como homenagem póstuma, mas esmiuçando a morte causada pelo abuso de remédios que o mantinham com esse pique todo, apesar de seu físico debilitado.
Enquanto isso está aí o material inédito. Embora constitua, primeiramente, uma estratégia de marketing para cobrir os gastos que a produtora teve com a montagem da turnê “This Is It” (à AEG Live ficará com dez por cento das bilheterias), que nunca será vista ao vivo como deveria, o filme não deixa de ser uma peça rara e emocionante, obrigatória aos fãs e mesmo admiradores a distância do cantor, embora para esses últimos o filme possa se tornar um tanto arrastado em alguns momentos.