domingo, 21 de agosto de 2011

Autoramas com BNegão

Essa vida paulistana me contagiou a ponto de me motivar a voltar com o blog. Quanto tempo isso vai durar, eu não sei. Só sei que não posso mais cometer o deslize de passar por shows fantásticos sem documentá-los e partilha-los por aqui. Então, tentarei fazer breves comentários daquilo que eu conseguir conferir.


Começando tudo isso em grande estilo. Simplesmente épico o show do Autoramas com BNegão ontem (20/8) no Beco 203 SP. E quando digo show do Autoramas com BNegão, não é show do Autoramas  precedido por um do BNegão (conforme eu, desinformado, estava acreditando).

Primeiro vale destacar a importância histórica de ter o Bacalhau tocando novamente músicas do Planet Hemp com o BNegão após um período de 13 anos. Esse também foi um evento promovido pelo Mob Social, onde internautas se mobilizaram para comprar cotas e tinham a opção de promover o show em qualquer lugar do país. É claro, que aí venceu a cidade de maior porte pra abrigar a empreitada. Mas, isso é um dado que convém mais a Wikipédia. Aqui tenho a obrigação maior de ressaltar a qualidade de repertório e execução do show conjunto que eles bolaram.


Rolou de tudo, desde Pato Banton (Go Pato), Little Quail (1,2,3,4), B 52’s (Private Idaho), Daft Punk (uma incrível versão analógica de Robot Rock!), a músicas de Planet Hemp e da carreira solo de BNegão, como Enxugando o Gelo, Funk até o Caroço e a Dança do Patinho, essa numa versão absurdamente favorecida pelo peso das distorções de Flavinha e Gabriel Thomaz.

A festa toda começou com só o Autoramas em cima do palco mandando um set de músicas próprias ao estilo Ramones, engatando uma na outra. Foram elas (na sequência): Mundo Moderno, Paciência, Você Sabe, Ex-amigo, Tudo Bem (inédita), Cathy Chorus, Couldn’t Care e outra anotada no set-list como Verdugo (possivelmente outra inédita).

O Autoramas chegou a um nível de excelência renovando o próprio repertório que nem a ausência no set de músicas clássicas como Fale Mal de Mim, Carinha Triste e Eu Era Pop prejudicou o espetáculo. Já é totalmente viável, embora lamentado.

Após tudo isso, B Negão subiu no palco e foi todo aquela sinergia automática já relatada acima. Vale destacar as duas pontas do show, entraram e fecharam com duas músicas inusitadas: Walk on the wild side, do Lou Reed - cantado lindamente pela Flávia e com rap de B Negão em cima - e fecharam com uma versão pesada e punk rock de Let's Groove, do Earth wind and fire.

Quem viu, viu.

--Atualização--

Encontrei vídeos na net do usuário /trabalhosujo

Enjoy.





sábado, 8 de janeiro de 2011

A primeira cervejaria punk que conheço

Venho até vocês para contar sobre uma surpresa muito agradável. Meu irmão recentemente viajou para Curitiba e fez uma visita a loja do Mestre-cervejeiro.com. Conhecendo meu gosto por experimentar cervejas premium e artesanais diferentes, ele me trouxe essa garrafa aqui, importada da Escócia:

5 A.M. SAINT - Red Ale da cervejaria artesanal Brew Dog
Ele sabe que eu gosto de cervejas ruivas, mas isso não foi o fator predominante para a escolha, muito menos uma indicação. Foi, sim, o rótulo da cerveja. É a primeira cerveja que conhecemos que se auto-intula uma cerveja 'punk'. Da mesma forma como o movimento punk tinha na ideologia a contestação do satus-quo, a cervejaria Brew Dog prega "abrir os olhos do maior número de pessoas que puder sobre como uma cerveja deve ser".

Segundo a cervejaria - a maior artesanal da Escócia -, a grande indústria da bebida ilude a massa quanto a como deve ser o sabor de uma cerveja, gastando milhões em propagandas e conservantes em detrimento da qualidade do produto final. Eles tem até um manifesto diferente estampado em cada rótulo de seus produtos. Da uma olhada no da ruiva que ganhei de presente:


Clique nos rótulos para uma visualização em tamanho original

Ao ler esse rótulo cômico e exaerado era de se esperar que a cerveja era muito menos do que se achava. No entanto, tive uma agradável surpresa: é a melhor cerveja que já provei na minha curta história de apreciador de cervejas importadas. De coloração turva, é encorpada na medida certa, cheirosa e com um after taste frutado. Imbatível!


Fico agora na expectativa de um dia poder dar um rolê na Escócia para comprar as outras edições a um preço módico.


A cerveja mais alcoólica do mundo

Curiosidade: E não para por aí o marketing bem feito dessa cervejaria. Os donos, James Watt e Martin Dickie, são dois lunáticos no melhor estilo "Jackass" e fazem questão de estarem envolvidos o máximo possível na divulgação da marca. É por isso que mantem um blog ativo na página oficial, onde constantemente podem ser vistos em vlogs apresentando seus últimos lançamentos e tirando sarro da "baixa qualidade" das cervejas da grande indústria.

A marca é tri campeã no título de cerveja mais alcoolica do mundo. Primeiro foi com "Tatical Nuclear Penguim", com 32% ABV. Depois, veio a "Sink The Bismarck!", com 41% ABV . Por último, lançaram a cerveja "The End Of The History". O nome é uma referência ao clássico livro do filósofo norte-americano Francis Fukuyama. De uma forma sintética, e bem grosseira, o livro diz basicamente que a democracia capitalista era o ápice que o homem chegaria na concepção de um sistema político e que, como a história era contada por sistemas políticos, teríamos atingido um sistema imutável: o homem teria chegado então ao fim da história.

Aqui, o conceito foi aplicado a história das cervejas extremamente alcoolicas. Na palavra dos seus criadores, “o ponto final na nossa pesquisa de quão longe podemos expandir os limites da cerveja extrema”. A cerveja tem nada mais, nada menos, que 55% ABV. Isso é mais que a maioria dos whikeys (44%), vodkas (45%) e até cachaças (49%).

O feito é tão intrigante quanto a embalagem do produto. Foram produzidas apenas 12 unidades do produto, todas envoltas em esquilos e arminhos empalhados. Segundo a cervejaria, os corpos utilizados são de animais mortos em acidentes nas rodovias.

Cara, é uma cerveja DENTRO DE UM ESQUILO ! Vocês tem noção de o quão insano é isso? Uma história para se contar para seus netos: "Uma vez eu tomei uma cerveja de dentro de um esquilo. Ah, a propósito, era a cerveja mais alcoólica já feita"! #EPICWIN

Infelizmente esse sonho não pode mais ser conquistado. Todas já foram vendidas. Cada uma por £500 (versão “arminho”) e £700 (versão “esquilo cinza”), o equivalente a R$ 1350,00 e R$ 1885,45, mais ou menos! Todas elas acompanhavam um certificado de autenticidade.


Caso tenha bom inglês, leia o post do blog oficial contando em detalhes a história dessa cerveja. Aproveite e veja também (no mesmo post) o vídeo das outras cervejas com álcool acima da média que ainda estão no mercado.

Do fundo do baú

 Neste início de Janeiro Foz do Iguaçu está morta! Nada acontece no lar das Cataratas. Foi então que decidi olhar meus arquivos da faculdade, procurando me inspirar em um período quando fazia muitas matérias frias (jargão jornalístico para definir matérias não-factuais). Nessa tiragem de "pó" do HD, descobri esse perfil bacana que nunca foi publicado em lugar algum. Lembro que na época ele foi apenas levado ao conhecimento da professora de Redação Jornalística II em uma aula de 2007 e colocado em um mural no pátio da UEPG. Gostei de relembrar e decidi compartilhar por aqui.


Fiquem com ele aí.

Perfil escrito em  Agosto de 2007

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Gosto por rock’n roll e velharias...

“Não é retrô, não é vintage, é velharia mesmo! (risos)”, assim define Pedro Henrique Ruzão não apenas seu gosto por música, carros, filmes, artes-gráficas e tatuagem; mas resume seu próprio estilo de vida.

Pedro, 18 anos, é guitarrista, vocalista e compositor. Ficou conhecido no cenário musical de Ponta Grossa como o frontman da recém falecida banda de garage-rock Les Enfants. Ao entrar em sua casa nota-se de imediato a paixão pela música. Potentes e gigantescas caixas de som figuram logo atrás da porta no hall de entrada. Cd’s espalhados pela mesa de centro da sala também compõem o cenário, juntamente com um armário repleto de preciosos vinis em um aposento ao lado do quarto do guitarrista. No banheiro, só um tipo de leitura: a revista Guitar Player. “Jornalista é? Não leio jornal, anote isso (risos)”, Pedro coloca, com bom humor. 

Pedro mostra orgulhoso uma das raridades de sua coleção: o vinil Os Cascavelletes, rock gaúcho do final da década de 80
A vida através dos riffs de guitarra e arranhando acordes no violão começou bem cedo, por volta dos nove anos de idade. Isso porquê o rock vêm de família: o pai é um aficionado colecionador de discos – coleção a qual o filho único desfruta desde a infância; o tio, já foi proprietário de diversas casas de show em Ponta Grossa; os primos, também são guitarristas e o avô é um violonista "de qualidade", afirma Ruzão.

A rica coleção de vinis da família conta com muitas raridades
Pedro aprendeu a tocar o instrumento por conta própria. Fez aula por um curto período de tempo, mas desenvolveu as técnicas ouvindo os discos e tocando junto. “Vêm cá ver as preciosidades”, Pedro me guia até a estante dos vinis. São clássicos de rock, blues e jazz que ele exibe com orgulho como as “jóias” da família. Para todos os gostos, desde básicos como Beatles, Jimmy Hendrix, e Rolling Stones, até álbuns de John Lee Hooker, Bob Dylan e trilhas sonoras, como a dos filmes Laranja Mecânica e A Pantera Cor-de-rosa.

  Pedro exibe tatuagem em homenagem ao album 'Raw Power", de Iggy and The Stooges
O guitarrista escuta todo tipo de som, mas a grande maioria de sua atenção  fica nas antiguidades. “Faz tempo que não escuto uma banda nova e falo assim: puta que tesão!”. Ele gosta de enfatizar o gosto pelas bandas preferidas através de tatuagens. Para o disco preferido do The Stooges, Raw Power, lançado em 1973, fez uma tatuagem no pulso. “Outra que adoro é T-rex cara. É uma das minhas bandas preferidas. Quando escutei T-rex eu disse: Puta merda! Já existe uma banda que faz o som que eu gostaria de fazer”, emenda Ao explicar outra de suas tatuagens, essa no braço direito, em homenagem a capa do disco Electric Warrior, de 1971.

Um dos álbuns que mais marcou a infância de Pedro foi o clássico Paranoid, de 1971, segundo álbum do Black Sabbath. “Foi o primeiro álbum que meu pai comprou, assim, pra mim. E lá tem a primeira música que me tocou forte, de que tenho consciência, foi Iron Man. Eu tinha uns 5 anos de idade na época e já escutando aquela barulheira, imagina!”, ressalta, enfatizando foneticamente os famosos riffs que consagraram a música “ta-nan-tananan...”.

Desde que nasceu, Pedro escuta música. Seu pai ouvia muito Pink Floyd e Eric Clapton durante os primeiros anos de vida do filho, que aprendeu a compartilhar o gosto. Quando ele era ainda uma criança aprendendo a caminhar já freqüentava com a família o bar do tio onde exigia em um português primário e balbuciado: “liga o ‘tom’, liga o ‘tom’!”.

Com oito anos de idade, Pedro se mudou para o Paraguai. Seu pai, um engenheiro-químico foi contratado como gerente de uma das maiores fábricas de óleo do Paraguai, com sede em Ciudade Del Leste, uma das cidades que compõem a tríplice fronteira no oeste do Paraná, juntamente com Puerto Iguazú (Argentina) e Foz do Iguaçu. Nisso, Pedro foi alfabetizado castelhano e cursou as escolas paraguaias até se formar no ensino médio. No entanto, não teve grandes problemas para se readaptar com o português em sua volta devido à convivência familiar. “Eu amo Cidade De Leste cara”, lembra com carinho o guitarrista.

Faço Garage-rock?

Ao ter o som categorizado dessa maneira, Pedro já emenda: “Não gosto muito de rótulos. Garage-rock é um título que acaba ficando, porque nosso espírito é garageiro. Mas a complexidade do nosso som (dos Les Enfants) passa do garage”, afirma o guitarrista.

O garage rock, ou rock de garagem, é um estilo de rock’n roll que foi bastante popular na américa do norte entre 1963 e 1967. É uma vertente do rock que ainda atraí fãs fiéis, influência bandas novas e instiga colecionadores até hoje. O som se caracteriza por gravações toscas e chiadas a baixo-custo de produção, instrumentos altamente distorcidos – geralmente constituídos apenas pelo trio guitarra, baixo e bateria - e espírito hedonista. Essas características geram confusão até hoje com o outro estilo que foi bastante popular por todo o mundo alguns anos depois, o punk rock. No entanto, o rock de garagem se diferencia deste ao incorporar influências de jazz, blues e surf-rock e meio aos riffs sujos, o baixo distorcido e a bateria acelerada.

Pedro diz que suas gravações tem ess enível de abrangência e faz questão de mostrar as novas composições de sua autoria que estão armazenadas no computador. Ao primeiro acorde facilmente se identificam influências das mais diversas - incluíndo blues, bossa-nova, country, rockabilly e até flamenco - fundidas ao rock. “No começo do Les Enfants fazia músicas muito retas, agora quero expandir a musicalidade”. Pedro pretende utilizar essas novas composições, bem como continuar tocando as antigas, em sua nova banda que ainda está sem nome e baixista definido. Ele e Sádico – inusitado apelido do baterista da última formação da Les Enfants – continuarão tocando juntos quando encontrarem outro baixista. “A gente se encaixa nos nossos estilos, um completa o outro. Não é à toa que tenho outros projetos paralelos com ele, como o que temos com o Hugo, baixista da Cadillac [Dinossauros]”.

O nome Les Enfants é uma contração do nome original “Les Enfants Du Masochisme”, que significa “Os filhos do masoquismo”. “Eu queria esse nome, mas que ele não ficasse evidente. Tentei em diversos idiomas e o que mais gostei foi o francês”, afirma Pedro. Nenhum dos integrantes da banda realmente é ou foi masoquista ou sádico, no entanto todos admiram muito a estética envolta nesse hábito e o trabalho de outras bandas que já exploraram o mesmo fetiche, como as americanas New York Dolls e The Cramps.



“Essa é a melhor guitarra que já toquei! Definitivamente a que mais gosto”, diz a respeito da inglesa Kent, presente do tio.






Visto que a Les Enfants já teve anteriormente três formações distintas a pergunta óbvia que fica é porquê de um novo nome após esse já ter ficado notório. Pedro responde: “Les Enfants é um nome que gosto muito, mas já ficou desgastado. No começo também tocávamos muitos covers, a proposta agora é outra”.

Presente e Futuro

“Acho um treco meio injusto eu fazer um som vindo da classe média. Antigamente neguinho no Brasil fazia som pra sobreviver, tipo das modas de violão. Não pra se divertir ou ganhar dinheiro, pra ter o que comer. Mas fazer o quê, eu adoro rock”, disse o guitarrista que vem de classe média alta, e não se vê longe do rock.

Pedro pretende continuar fazendo música e conciliando o lado artístico com pesquisas e trabalhos na área de psicologia, mas não vê muito futuro em Ponta Grossa – tanto profissionalmente como músico. No fim do ano passado, após meio período na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Pedro largou o curso de Direito – o qual, nas palavras dele: "não gostei nem um pouco". Desde o início desse ano ele está freqüentando o curso superior de Psicologia, agora em uma universidade particular. 

O guitarrista quer morar em outras cidades e até fora do Brasil, inclusive. Planeja fazer uma viajem de mochila pela Europa no fim do ano e respirar ares internacionais. “Daqui a dez anos se eu continuar em Ponta Grossa provavelmente vou continuar do jeito que tô agora”, afirma o guitarrista, que proveita para criticar algumas bandas da cena local: “Ponta Grossa tem bandas boas que tocam direitinho. Mas cara, algumas são totalmente aquele treco Buraco do Padre rock’n roll, cogumelo, fumar maconha e tomar tubão. Não é a minha proposta; pra mim rock’n roll não é isso cara! Eu tenho uma idéia totalmente diferente”, afirma.

Nova fase na vida - Segundo Pedro, em 2006 ele estava passando por uma fase auto-detrutiva, mas que agora pretende beber só moderadamente e parar de fumar. “Ano passado eu tava todo me drogando, enchendo a cara, engordando. Esse ano comecei a escrever, comecei a emagrecer, fazer academia, ta dando tudo certo”, afirma.

Por fim, ele diz como planeja estar daqui a dez anos: “mais magro, saudável e eu não quero ter filhos a não ser que o mundo esteja um lugar melhor quando eu tiver uns 40 anos”.