segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

É ruim, mas é bão

Já se sentiu confuso e, logo em seguida, completamente eufórico e instigado a compreender um filme? Muholland Drive de David Lynch, por exemplo, é referência básica para cinéfilos cult e para aqueles que se aventuram a conhecer o submundo do cinema-charada, aqueles que são, do berço, confusos e complicados por esportividade.

Briga de gangues: mais do mesmo... no caso de Ritchie, quem disse que precisa mudar?

Bem menos complexo e mais comercial do que a obra de Lynch, um filme que me tirou o sono nos últimos dias é Revólver (2005), de Guy Ritchie. Ele foi visto primeiramente por mim alguns dias antes da minha viajem para praia e para Curitiba, oportunidade em que fiquei uma semana fora de casa. No sábado, antes de fazer as malas, estava lá eu e minha namorada a se deleitar com o filme quando o DVD player da república dela (muito, muito, muito [premiada Vivo] velho e usado) simplesmente travou o filme antes da metade e se recusou a funcionar dali em diante.

No dia seguinte, retomamos de onde parou aqui em casa. Como é de se imaginar, a continuidade foi prejudicada. Não entendi bulhufas... mas cheguei até o fim. Em um filme já não-linear e complicado, tal pausa é piada de mau gosto. Viajei e não deu tempo de ver o resto. Retornei ontem. Agora - após uma semana com passagens do filme martelando em minha cabeça - com mais tempo e já com a dica de como terminava a estória, revolvi sanar minhas dúvidas quanto à trama.

Revólver é um filme que confunde. De propósito, por estilo, sem muito material concreto para atingir tal nível de embromação. Trata-se de uma experiência visual fantástica. Muito estiloso tem uma excelente montagem, trilha sonora certeira e moderna, frases de efeito para Orkut e Msn, boa fotografia, monólogos ácidos, ritmo acelerado, quase bom de mais... Quase. Quando se chega ao âmago da reflexão proposta (
o ego é o inimigo) fica explícito os nós exagerados na trama. Contribui para a desvalorização da película as atuações irregulares e pasteurizadas de Ray Liotta, André 3000 (não convence, melhor cantando rap solo ou ao lado de seu parceiro de Outkast, Big Boi) mais alguém que provavelmente me foge a mente agora e de um ou outro capanga das gangues.

Oi! Meu nome é Ray Liotta. Não sou muito expressivo, mas sei fazer caras e bocas. Who's bad?!

Ainda sim é um filme para se ver mais de uma vez. Seja pela reflexão proposta, pelos efeitos visuais marcantes (a cena da queda na escada em câmera lenta e o atropelamento do Mr. Green permanecem imortalizadas em meu imaginário) ou pela simples ação e violência de primeiríssima, no melhor estilo
mamãe:quero-ser-Tarantino. Revólver não inova, não surpreende, mas impressiona.


Quero ver RocknRolla agora (apesar das críticas não muito animadoras)! E fico ansioso no aguardo Sherlock Holmes. O ex-Madonna pode não ser nenhum gênio, mas ainda sim é um entretenimento honesto e de qualidade. Rara espécime nos blockbusters atuais.
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